Por Sandro Gianelli
O bom político não fala mais para as multidões. Ele segmenta os nichos e fala diretamente para aquele público o que ele quer ouvir
Já parou para imaginar que Jair Bolsonaro e Ibaneis Rocha – governador do Distrito Federal – eram meros coadjuvantes no início de 2018? Que, provavelmente, boa parte das pessoas que votaram neles, não eram seus eleitores bem antes da corrida começar?
Tanto o atual presidente quanto o governador do DF entenderam isso na hora certa. O cidadão quer a resolução de seus anseios ou, pelo menos, que o político saiba quais são. Ambos fizeram discursos duros e lançaram mão da melhor receita: a promessa de mudança.
Bolsonaro falou com os religiosos, os conservadores e os militares, entre outros.
Ibaneis bateu à porta dos empresários, mas também passava horas andando no Sol Nascente e vivia nas feiras populares. Agendas de campanhas que os adversários certamente adotaram, mas eles fizeram isso com estratégias contundentes.
E, quer queira ou quer não, tenha pandemia ou não, estamos em ano de eleições. Há prós e contras de realizar um pleito neste ano. O desafio, porém, é mostrar para o eleitor que o cenário é seguro para fazer a disputa.
Quem está na situação não gostou, quem está na oposição gostou. O saldo é negativo para quem está em mandato, apesar do tempo extra. Político em mandato preferiria que as eleições fossem mantidas em outubro, pois não há ambiente para fazer aglomerações para fazer inaugurações, além daquelas ligadas à saúde. Imagine, por exemplo, alguém cortando o laço brega de uma fita para um parquinho de praça.
Nosso eleitor amadureceu, ele não aceita mais o político ‘Copa do Mundo’. Aquele que aparece somente de quatro em quatro anos. Agora tem redes sociais e ele precisa estar sempre aparecendo. Quem chegar em cima da hora não vai ter muitas chances em comparação a quem já está fazendo trabalho.
Olha o Luciano Huck. Ele está fazendo uma coisinha aqui e outra ali. Ele está dialogando com a comunidade, da forma dele, mas está. Não se surpreenda se ele encabeçar algo de centro-esquerda em 2022.
O discurso de caminhão não vale. Não pode falar nas redes sociais como se estivesse em um comício. Tem que ouvir a comunidade antes de falar. É preciso ler e interpretar os dados. Os dados nos mostram o sentimento real da população. É o que ela quer e procura.
As falas da esquerda e da direita estão muito arcaicas e engessadas.
Vamos enumerar algumas coisas que podem fazer a diferença:
Rede social é diálogo
Tem que humanizar a campanha. A campanha é emoção. Não pode ir mais como político tradicional.
Segmentação
Dialogar com pequenos nichos pode ser mais eficiente. Cada vez mais vamos comunicar para nichos menores. Daqui há alguns anos vai ser um papo de um para um. Não se fala mais para as multidões.
Fake News
As fakes news sempre existiram. Elas precedem muito as redes sociais. E está mais difícil de mentir. Agora, se mentir, vai ser desmascarado em poucos segundos;
Storytelling
As redes sociais são lugares para contar boas histórias. Calendário de publicações não é tão importante. O ideal é obedecer às boas histórias, independentemente da periodicidade e do tamanho do conteúdo.
Histórico
Ninguém vota em alguém porque ganhou um santinho. A proposta do santinho é gerar memória. Para isso, porém, tem de ter conhecido o candidato por outros meios para gerar essa memória.
Jingles
Os jingles, se bem feitos, podem transformar o candidato num popstar e virar um hit de sucesso. Não é uma ferramenta obsoleta, mas precisa de propósito. A música fixa conceito e número.
As coisas mudaram um pouco. Você concorda ou descorda? Deixe seu comentário.
* Sandro Gianelli – Jornalista, radialista, apresentador de TV e consultor político com experiência em marketing político, eleitoral, digital e pesquisa de opinião pública.
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